O Circuito Cultura Viva, iniciativa da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural (SCDC) do Ministério da Cultura, passou por Salvador (BA), nas últimas segunda (15) e terça-feira (16), debatendo a economia viva e solidária, a cultura de redes, o processo da autodeclaração, o fomento por meio dos editais e a construção da 6ª TEIA, Encontro Nacional de Pontos de Cultura, prevista para ocorrer em Salvador. O principal momento de debate do Circuito foi na terça-feira à noite, no Espaço Xisto Bahia, com a Roda de Conversa que reuniu 100 pessoas de diferentes grupos culturais e sociais.
Nesses dois dias, a equipe da SCDC, capitaneada pela secretária Ivana Bentes, também teve encontros com os mais diversos atores culturais da sociedade civil, pontos de cultura, coletivos, Universidade Federal da Bahia e gestores municipais e estaduais.
Outro objetivo do Circuito foi realizar visitas aos principais equipamentos culturais da cidade, incluindo o Complexo Cultural dos Barris, os museus de Arte da Bahia (MAB) e o MAM, as praças do Pelourinho no centro histórico e o Espaço Cultural da Barroquinha, também no centro.
Além das agendas com os parceiros institucionais da realização do evento, a Secretaria de Cultura da Bahia (SecultBa) e a Fundação Pedro Calmon (FPC), a SCDC/MinC também iniciou a articulação para a Teia com representantes do Centro de Economia Solidária e da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia (Setre).
Iniciativas empreendedoras como o Mercado Iaô, da organização social Fábrica Cultural, e a universidade LIVRE do Teatro Vila Velha, foram também chamadas para o diálogo durante esses dias, com encontros na sede da Representação Regional do Ministério da Cultura na Bahia e Sergipe, que fica no centro histórico da capital baiana.
Debate aberto
A Roda de Conversa no Xisto Bahia envolveu Ivana Bentes, Zulu Araújo (FPC), Sandro Magalhães (SecultBa), Luísa Saad (SecultBa), Claudia Schultz (SCDC), Alexandre Santini (SCDC), Flávio Gonçalves (IRDEB) e Carlos Henrique Chenaud (Regional do MinC). O encontro foi acalorado e contou com a participação ativa de 100 pessoas.
Pessoas do Desabafo Social, Correio Nagô, Rede Cammpi, Revista Afirmativa, Chegança de Saubara, Filarmônicas da Bahia, Afoxés, A Ponte, Batekoo, ADIMCBA, Jam no MAM, Comissão Nacional dos Pontos de Cultura, dentre outros, levantaram questões como o pagamento dos editais do MinC e a necessidade de ampliação da rede para a construção da Teia, especialmente na Bahia.
Rosildo Rosário, do movimento das Cheganças e Marujadas no Recôncavo, apoiou a autodeclaração e pediu que a teia Bahia amplie a comissão executiva para a participação dos novos pontos a serem conveniados e para os colegiados.
“A atual coordenação estadual dos pontos não reflete a diversidade dos grupos e movimentos. A gente precisa aproveitar esse momento, a proposta da autodeclaração, a Teia nacional, e envolver os que estão chegando nessa rede e nas teias. Eles precisam se inserir nas políticas públicas de todas as formas”, afirmou ele. Sandro Magalhães respondeu que irá propor à comissão que seja estendida à participação de representantes dos novos 126 pontos a serem conveniados.
Emílio Tapioca, da Associação de Dirigentes Municipais de Cultura da Bahia (ADIMCBA), comentou sobre a necessidade de os sistemas de cultura darem mais atenção aos pontos de forma a integrá-los nos editais, por exemplo. “Os pontos precisam de informação e de diferentes tipos de apoios dos municípios envolvidos no sistema”, disse.
Sobre o pagamento dos editais, Santini afirmou que ele está na ordem de prioridade da secretaria assim que for liberado o Orçamento da União deste ano.
O tema dos editais ganhou diferentes dimensões, com críticas ao seu modelo de fomento. Zulu Araújo afirmou que a política dos editais não pode substituir a diversidade cultural do Brasil. “A Cultura está para além dos editais e não podemos submeter grupos como Olodum, Ilê Aiyê, Baiana System a eles”, disse.
Ivana reconheceu que os editais funcionam também como uma política de remediação, reparação. Porém, segundo ela, eles são um mecanismo importantíssimo que rompeu com a ‘política de balcão’. “Por isso a gente quer fazer a autodeclaração, para envolver os que não foram contemplados por um edital nas políticas públicas e os diferentes tipos de recursos disponíveis, como as redes, as metodologias, articulações”, afirmou ela. “A gente gosta do embate e das propostas, e a Teia será um importante momento para pensar qual outro instrumento pode substituir um edital, o que é que a sociedade brasileira quer?”, questionou. “Tragam suas propostas”.
Janaina Rocha
Representação Regional Bahia e Sergipe
Ministério da Cultura