Ministério da Cidadania lança o Prêmio Culturas Populares 2019

“Vamos estimular prêmios aos mestres, às pessoas que realmente criam arte no Brasil”, ministro da Cidadania, Osmar Terra (Fotos: Clarice Castro / Ascom Ministério da Cidadania) 

O Ministério da Cidadania vai premiar quem faz cultura popular no Brasil. Estão abertas até 16 de agosto as inscrições para o sétimo Prêmio Culturas Populares, que vai dar vinte mil reais a 250 mestres, mestras ou Pontos de Cultura que estimulem e valorizem as expressões culturais, como o cordel, o frevo, a quadrilha, o maracatu, a capoeira, as culinárias regionais e o bumba meu boi, entre muitas outras.

O evento que marcou o lançamento da premiação foi realizado nesta segunda-feira (24), em Porto Alegre (RS), e contou com a presença do ministro da Cidadania, Osmar Terra. Na ocasião, o ministro ressaltou a importância do prêmio para a valorização da diversidade cultural brasileira. “O Prêmio de Culturas Populares que nós estamos lançando é um prêmio para estimular a criatividade, premiar iniciativas importantes. É um estímulo que se dá à criatividade nacional em todo o País. Vamos estimular prêmios aos mestres, às pessoas que realmente criam arte no Brasil”, festejou.

Também presente no evento, o secretário especial da Cultura do Ministério da Cidadania, Henrique Pires, afirmou que a cultura popular merece o reconhecimento que recebe nesse momento, pelo governo federal. “O Brasil é muito grande, são mais de oito milhões de quilômetros quadrados, e também muito diverso, com uma variedade enorme de expressões culturais que precisam ser preservadas”, destacou. “Para isso, é preciso levantar e estimular essas manifestações populares, como o Prêmio Culturas Populares tem feito. Contamos que, cada vez mais, essa premiação estimule a cultura popular no País”, disse.

Grupos representantes da cultura tradicional gaúcha se apresentaram no lançamento da premiação, ocorrido em Porto Alegre (RS)

A premiação

Na edição deste ano, 150 prêmios serão destinados a iniciativas de mestres e mestras da cultura popular, 90 a pessoas jurídicas sem fins lucrativos com finalidade ou natureza cultural, já reconhecidas como Pontos de Cultura ou cadastradas na Plataforma Rede Cultura Viva, e 10 para pessoas jurídicas com ações comprovadas em acessibilidade cultural, também reconhecidas como Pontos de Cultura ou cadastradas na Plataforma Rede Cultura Viva. Os premiados nas edições de 2017 e 2018 não poderão concorrer ao prêmio neste ano. Os interessados podem apresentar uma única inscrição em apenas uma categoria.

O equilíbrio regional, um dos critérios estabelecidos pelo prêmio, foi ressaltado pelo secretário especial Adjunto da Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania, José Paulo Martins, durante o lançamento: “A gente vai manter uma quantidade de premiação por região. Cada região brasileira vai ter 50 premiados. Isso é bom para a cultura brasileira e destaca personagens importantes. A gente fica muito feliz com isso”.

A avaliação das propostas será feita por uma comissão designada especificamente para o prêmio, composta por profissionais de reconhecida atuação e conhecimento na área das culturas populares, técnicos e servidores do Ministério da Cidadania e de instituições parceiras. A comissão terá 30 membros, sendo 15 titulares e 15 suplentes. Dentre os critérios de seleção estão a troca entre diferentes gerações que o saberes e fazeres da cultura popular tenham proporcionado, a relevância e a contribuição sociocultural das práticas nas comunidades em que são desenvolvidas e a capacidade de perpetuação e preservação dessas atividades tradicionais, gerando emprego e renda, entre outros.

Criado em 2007, o Prêmio Culturas Populares já teve seis edições, com cerca de 11 mil inscrições e 2.045 mestres, grupos e entidades sem fins lucrativos premiados com um total de R$ 28,75 milhões. A premiação ficou suspensa entre 2013 e 2016, tendo sido retomada em 2017. No ano passado, foram agraciadas 129 iniciativas da Região Nordeste, 123 da Sudeste, 99 da Sul, 98 da Norte e 51 da Centro-Oeste.

O homenageado

A cada ano, o Prêmio Culturas Populares homenageia um expoente da cultura popular brasileira. Este ano, o homenageado é o cantor, compositor e ator gaúcho Vitor Mateus Teixeira, o Teixeirinha, falecido em 1985, aos 58 anos. O secretário da Diversidade Cultural da Secretaria Especial da Cultura, Gustavo Amaral, cita o artista como um “mestre da cultura consagrado”. “Teixeirinha inegavelmente representa a identidade cultural e a tradição do povo do Rio Grande do Sul. É um mestre da cultura consagrado, cantor, ator e compositor. Seu disco Coração de Luto vendeu mais de um milhão de cópias em todo o Brasil em uma época que não havia internet, nem qualquer outro meio de disseminação rápida das manifestações culturais e mesmo assim ele fez história e continua fazendo. Deixou um grande legado para a música popular de raiz, que é justamente a categoria musical que as nossas políticas de apoio à cultura procuram abranger”, destaca.

Já o secretário especial da Cultura lembra que, além do primor artístico, Teixeirinha se posicionou como um grande empreendedor. “Ele foi um cineasta exitoso, dirigia, montava elenco, empregou técnicos e conseguia com seus filmes circular em todos os países de língua portuguesa. E com sua música também. O cantor e compositor Chico César, por exemplo, conhece todas as músicas do Teixeirinha, porque vendiam muito na loja de discos em que ele trabalhava. Já conheci africanos que cantavam as músicas do Teixeirinha porque o cantor vendia muito em Angola e Cabo Verde”, conta Pires.

Para Márcia Teixeira dos Santos, filha de Teixeirinha, a homenagem é um merecido reconhecimento à obra do pai. “Esta homenagem mostra a importância que o trabalho do meu pai teve. Ele era um artista popular, ele cantava a história de vida do povo. As músicas dele relatavam a realidade do povo. Ele dizia que a música dele tinha cabeça, barriga e perna, ela era completa e, por isso, eu acredito que ele atingiu um número tão grande de pessoas”, conta. Além de Márcia, o mestre teve outros oito filhos com Zoraida Lima Teixeira, com quem se casou em 1957. Depois de passarem por Passo Fundo, se mudaram para o bairro da Glória, em Porto Alegre, onde viveram juntos até a morte do cantor.

Natural de Rolante (RS), Teixeirinha nasceu em 1927. Ficou órfão aos nove anos e foi morar com parentes que não tinham condições de sustentá-lo. Para sobreviver, fez um pouco de tudo antes de se revelar grande artista: carregou malas em portas de pensões, entregou marmitas e vendeu jornais e doces como ambulante.

A carreira

A carreira de cantor de Teixeirinha teve início nas rádios das cidades do interior do Rio Grande do Sul, como Lajeado, Estrela e Rio Pardo. Apesar de nunca ter cursado aulas de música ou canto, contava com seus dons naturais: a bela voz e a improvisação, que fizeram com que se tornasse um exímio repentista. Carismático, escrevia canções simples que tocavam o público. Em 1959, aos 32 anos, Teixeirinha foi convidado pela gravadora Chantecler para gravar seu primeiro LP em São Paulo. As músicas “Xote Soledade”, “Briga no Batizado” e “Coração de Luto” foram grandes sucessos e, em 1961, o LP alcançou a marca de 1 milhão de cópias vendidas, um feito inédito no País. O recorde era apenas uma mostra do que estava por vir: Teixeirinha vendeu mais de 100 milhões de discos.

Sua carreira obteve repercussão internacional, com excursões por Estados Unidos e Canadá. Em Portugal, recebeu o troféu “Elefante de Ouro” pelas vendas expressivas de discos. Fez shows na maioria dos países da América do Sul.

Artista diversificado, em 1970, fundou a “Teixeirinha Produções Artísticas Ltda”, por meio da qual produziu e distribuiu os filmes “Ela Tornou-se Freira” (1970), “Teixeirinha Sete Provas” (1973), “Pobre João” (1975), “Na Trilha da Justiça” (1977), “O Gaúcho de Passo Fundo” (1978), “Meu Pobre Coração de Luto” (1978), “Tropeiro Velho” (1979) e “A Filha de Iemanjá” (1981).

Teixeirinha recebeu o título de cidadão emérito em diversos municípios rio-grandenses, como Passo Fundo, Santo Antônio da Patrulha, Rolante e Soledade, além de diversas homenagens póstumas, como ruas com seu nome na capital gaúcha e em cidades do interior do estado. Em 1999, recebeu o prêmio póstumo “20 Gaúchos que Marcaram o Século XX” e, em 2000, o troféu Guri pela rádio RBS.

Seu acervo, que reúne mais de 1.200 canções lançadas em cerca de 70 discos, atualmente é preservado pela Fundação Victor Mateus Teixeira. De acordo com a filha Márcia, que é diretora executiva da instituição, todos os filmes de Teixeirinha já foram remasterizados e, agora, a obra inédita do cantor está sendo resgatada. “Agora estamos resgatando gravações originais do meu pai. De acordo com o produtor, que analisou 17 das 128 fitas com material bruto, já há canções para fazer, pelo menos, quatro discos. A previsão é de que, até o fim deste ano, parte do material inédito seja lançado, o que torna a homenagem do Prêmio Culturas Populares ainda mais especial”, conclui.

Assessoria de Imprensa
Secretaria Especial da Cultura
Ministério da Cidadania

Fonte:http://cultura.gov.br

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