Um auditório lotado por diversos agentes culturais de todo o País e milhares de internautas que acompanharam a transmissão ao vivo assistiram, nesta segunda-feira, dia 05, o nascimento de uma solução de cartografia, de interação e de empoderamento dos grupos culturais brasileiros. Foi lançada, em Brasília, a Plataforma da Rede Cultura Viva que permitirá o reconhecimento, por parte do Estado e da sociedade em geral, como Ponto de Cultura, a grupos que fazem trabalho cultural há pelo menos dois anos, sem fins lucrativos e que têm relevância em sua comunidade, a partir da autodeclaração.
“O que está sendo proposto hoje aqui é um avanço enorme porque até hoje nós chamávamos de Pontos de Cultura apenas grupos culturais que conseguiam, através de editais, acesso a algum nível de financiamento do Ministério. Mas nós não temos recurso suficientes para financiar todos os grupos culturais que se enquadram na categoria Ponto de Cultura. Isso era um erro”, explicou o ministro da Cultura, Juca Ferreira.
De acordo com o ministro, estimativas de sociólogos apontam a existência de 100 mil grupos culturais em todo o território brasileiro e a Plataforma da Rede Cultura Viva, mais do que possibilitar a soma aritmética desses grupos, permitirá a interação dessa diversidade em rede, sem intermediários, além de criar novos sistemas de empoderamento e de serviços.
“É uma possibilidade, por exemplo, de reconhecimento pelo poder local, pelas prefeituras, de que nos seus territórios há grupos culturais importantes, desdobrando as possibilidades de apoio a todos esses grupos culturais. A consequência disso é a força política que os grupos culturais vão ter, porque se você não tem visibilidade você não tem força, você não conta na hora de decidir”, enfatizou Juca.
A secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do MinC, Ivana Bentes, ressaltou que o ministério segue lutando pela ampliação do orçamento para toda a cultura em todas as frentes possíveis, sendo a plataforma uma parte inovadora dessa estratégia e um dos instrumentos do Programa Cultura Viva, cujo objetivo é aumentar o montante de recursos disponíveis ao setor, mas também fortalecer o conceito de economia que se baseie na abundância, não escassez.
“Estamos criando uma política pública para além do financiamento, para além do recurso tal qual nós entendemos na maioria das políticas públicas. O MinC está criando uma moeda simbólica, uma moeda que tem lastro e é uma moeda muito especial porque trabalha com o incomensurável, com o que não tem medida, que é a própria cultura”, explicou.
Ivana Bentes enfatizou que, no campo da Cultura, conhecimento, parceria, mobilização, articulação e construção de rede devem ser encarados como recursos. Por isso, a plataforma da Rede Cultura Viva torna-se um instrumento potente ao agregar mesmo aqueles que não têm relação direta de financiamento com o Estado na construção de políticas públicas, além de possibilitar a criação de um amplo mapa e de diversos índices e dados que subsidiarão a disputa por um novo conceito de economia.
Responsável por coordenar a criação da plataforma, Diego Aguilera salientou que este processo foi todo realizado de forma colaborativa e que o produto apresentado é apenas um primeiro passo. “Entendemos que esse é um sistema vivo, um processo de construção contínuo. E não precisa ser programador ou técnico para dizer o que você espera dessa plataforma”, concluiu, convidando todos a conhecerem a plataforma.