Artigo de opinião da Secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural Ivana Bentes
Definitivamente é lutar pela mudança de mentalidade de uma sociedade racista e apoiar com políticas culturais os jovens que estão vulneráveis. O MinC não tem “poder de polícia” para intervir nas questões de violência policial nas favelas, mas entende que a cultura tem poder de mudar a mentalidade política e os comportamentos.
O Juventude Negra Viva foi um dos raros programas do governo federal que foi abraçado pela sociedade e está na boca dos jovens, tendo o governo alardeado os dados escandalosos do assassinato dos jovens nas favelas e assumido que os estados são motor desse genocídio, mas a Secretaria Nacional de Juventude que lançou o debate DENTRO do governo não tem poder de polícia ou de justiça para intervir nas policias. Deveria se calar e esperar uma mudança cair do céu?
A cobrança dos governos federais, estaduais e municipais deveria ser mais eficaz, mais articulada, no Congresso e em todas as instâncias de decisão, para além das redes sociais em que se extravasa a indignação.
No Brasil inteiro, a sociedade brasileira é refém da policia e a polícia é um estado dentro do estado. Parte da sociedade brasileira a do “bandido bom é bandido morto” APOIA esses assassinatos, defende esse massacres, defende a repressão cotidiana nas praias e favelas, fica calada diante dos achaques em ônibus, em blitz, todo dia.
No encontro #Emergencias participaram do debate de segurança pública aqui no Rio, o coronel Ibis, um dos maiores críticos do BOPE e da Policia Militar.
Como ele existem outros Coronéis e Comandantes que combatem o assassinato institucional. Mas acabou o debate deixando claro que a policia não veio de POLIÇOPOLIS, e essas ações são respaldadas por parte da sociedade brasileira, por parte dos governantes e sem uma mudança de mentalidade da sociedade nenhum estado vai mudar a polícia.
Ou seja, se formos criticados (o MinC) até por fazer o debate público sobre segurança pública, e explicitarmos as possíveis saídas, como a PEC-51, do senador Lindberg, defendida por Luiz Eduardo Soares, que propõe mudanças decisivas na segurança pública, um legado da ditadura que permaneceu intocado nesses 25 anos, deveríamos nos calar sobre todas as distorções atuais.
Não tem decreto que vai aprovar essa lei no Congresso, por exemplo, ou decisão governamental de cima pra baixo que vai incidir sobre as policias estaduais e guardas municipais, que achacam camelôs, dão dura nos jovens negros e pobres nos ônibus, reprimem artista de rua, nas ruas do Rio e no Brasil. As UPPS tiveram um pequeno êxito inicial, e hoje estão sendo carcomidas pela banda podre da polícia e o que era para ser “policiamento comunitário” na proposta do PRONSCI do então Ministro da Justiça Tarso Genro, que inspirou as UPPs do Rio, virou intervenção militar nas favelas, um erro grave.
Nunca vi ninguém indignado ao ver um policial sair de um restaurante com uma quentinha grátis! O que é aquilo? Poder de intimidação e de achaque. Acham normal. A sociedade acha “normal” a polícia achacar comerciantes em troca de “segurança”.
Outra parte da sociedade critica os que dialogam com polícia, criticam quando você convida um policial, um coronel para um debate! Ou seja, acham que ficando “distantes” vamos melhorar a polícia! Não vamos! Os policiais não vão mudar sua mentalidade ficando apartados da sociedade.
E se fizermos mil debates sobre o assunto ainda será pouco para mudar a mentalidade racista e punitiva da policia e de parte da sociedade brasileira. Essas informações, esse nivelamento sobre o campo da Segurança, é a base mínima para chegar nas ações de incidência que consigam efetivamente diminuir os índices atuais de mortes da juventude brasileira.#minC #scdc #culturaviva