A secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do MinC, Ivana Bentes, e integrantes do Comitê Intergovernamental do programa IberCultura Viva fizeram a “rota da memória histórica” salvadorenha, no segundo dia (28) do II Congresso Latino Americano de Cultura Viva Comunitária. Fizeram parte do percurso os povoados de Jiquilisco, San Miguel e El Mozote, em El Salvador.

A primeira parada, na cidade de Jiquilisco, foi ao som dasmañanitas do grupo de la chanchona de Los Tabales de Eriguiaquin, que também havia se apresentado um dia antes, na abertura oficial do evento. Comidas típicas, como corazas, totopostes e honradas, foram servidas na Casa da Cultura Vila Comunitária, uma das 155 Casas da Cultura do país, reinaugurada há dois meses.

Na segunda cidade, San Miguel, a visita começou pelo Teatro Luis Poma, que estava em ruínas e vem sendo restaurado há cinco anos. Em seguida, na praça central, apresentaram-se uma banda de meninas (a Lolotique, hoje Ponto de Cultura) e um grupo de dança folclórica. Atores de um grupo de teatro local, o Chapeltique, também fizeram uma performance no coreto da praça.

 

O circuito terminou no Sítio Histórico de El Mozote, onde houve um dos maiores massacres contra civis da história recente da América Latina. Em 11 dezembro de 1981, durante a guerra civil salvadorenha, cerca de mil pessoas, entre homens, mulheres e crianças, foram assassinadas ali.

Sobreviventes como María Dorila Márquez, que perdeu os pais, a irmã grávida, os sobrinhos e a maior parte da família do marido, lutam até hoje por justiça. “Sabemos quem foi. Há depoimentos de soldados que contam com detalhes o que fizeram com as crianças. E nunca ninguém pagou por isso”, contou Dorila, hoje presidenta da Associação Promotora dos Direitos Humanos de El Mozote.

Parte da delegação brasileira que veio a El Salvador para o congresso também participou da homenagem às vítimas do massacre de El Mozote, entregando rosas e acendendo velas no memorial onde estão os nomes (e os restos mortais) de muitos deles.

 O II Congresso Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária começou na terça-feira (27), na cidade de San Salvador, em El Salvador. Eram esperadas mais de 1.000 pessoas provenientes de redes, coletivos e entidades culturais da América Latina e do Caribe. O encontro, que tem como tema Convivência para o bem comum, visa fortalecer os processos de cultura viva comunitária e debater a necessidade de modelos de políticas públicas na região.

Vinculado à Secretaria Geral Ibero-americana (Segib), o programa IberCultura Viva é uma iniciativa intergovernamental para a criação e o fortalecimento de políticas públicas de cultura viva comunitária. Dele participam 10 países: Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, El Salvador, Espanha, México, Paraguai, Peru e Uruguai. O programa conta com o apoio administrativo da Organização dos Estados Ibero-americano (OEI) e o apoio técnico da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura.

Teresa Albuquerque

Ibercultura Viva