O lançamento da Plataforma da Rede Cultura Viva foi marcado por atividades ao longo de todo o dia na segunda-feira, dia 5, em Brasília.
A autodeclaração, demanda histórica de Pontos de Cultura e entidades culturais do Brasil é uma realidade. Nesta semana, a Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, lançou a plataforma Rede Cultura Viva. Mais do que uma ferramenta de cadastro, a Rede é uma ferramenta digital que reúne economia viva, narrativas sobre a diversidade cultural do País e é uma política cultural inédita. O lançamento aconteceu na última segunda-feira (5), em Brasília (DF), com a presença do ministro da Cultura, Juca Ferreira, Pontos de Cultura, Indígenas, redes culturais, bancos comunitários, ativistas e acadêmicos. Os debates que aconteceram durante toda a programação deram o tom dos próximos passos a serem seguidos na ampliação da plataforma e da política de certificação de entidades culturais.
“Ao Ministério da Cultura, cabe fazer avançar os direitos de acesso à cultura previstos na Constituição de 88. A autodeclaração vai ajudar a reconhecer a base da cultura brasileira e a Rede Cultura Viva vai facilitar a conexão e a conversa entre pontos e vai possibilitar que o MinC crie sistemas de empoderamento e de serviços”, ressaltou Juca Ferreira.
Ancestralidade inspira cultura digital
O histórico do Cultura Viva, a importância de plataformas digitais para a cultura e o desenvolvimento colaborativo intrínseco a este processo, foram os temas que abriram a rodada de debates do lançamento. Os desenvolvedores do Ministério da Cultura, os Pontos de Cultura e representantes de movimentos culturais que estavam presente, conceituaram a Rede Cultura Viva a partir da ancestralidade e da cultura de oralidade, matrizes do saber do saber e do compartilhamento de conhecimentos. Não foi a toa que o primeiro e mais acalorado debate da programação rendeu interações pela internet, e até um mini show da mãe Beth de Oxum, do Ponto de Cultura Coco de Umbigada.
“Mais do que falar de código, precisamos falar da linguagem que faz existir essa tecnologia, que são os sabres ancestrais. O Cultura Viva nasceu em um espaço de resistência, com necessidade da renovação tecnológica para a preservação da ancestralidade e para a difusão da cultura. O Cultura Viva é uma grande escola porque abre os códigos do Estado e toda sua burocracia. Para nós, a autodeclaração é uma etapa da abertura deste código, mas nós queremos mais. Temos também a batalha da democratização da comunicação e a certificação do MinC pode colaborar com isso”, declarou Leandro Anton , Comissão Nacional de Pontos de Cultura e Ponto de Cultura Quilombo do Sopapo (RS) .
Cultura na centralidade da democratização da comunicação
A democratização da comunicação foi a tônica do debate realizado com o intuito de fortalecer a redes culturais que atuam com as ferramentas da mídia livre. “Aprendi a ser programador no Pontão da Eco (Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro). Infelizmente precisamos fazer mídia livre em redes proprietárias. A plataforma Rede Cultura Viva é uma das nossas saídas. Ela tem entre outras funcionalidades, a de acervo cultural”, ressaltou Artur Willian da Rebaixada Cultural, rede de Cultura da Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. Além da Rebeiaxada, a roda de conversas reuniu representantes do Fórum Nacional de Democratização da Comunicação, da Secretaria Nacional da Juventude e a Rede Mocambos.
Economia viva é o futuro do país
“Esse debate não é sobre dinheiro. Precisamos entender como as ferramentas economias funcionam no país. O nosso desafio é mudar a cultura de desenvolvimento no ambiente escolar e em muitos outros aspectos sociais. A economia solidária é o futuro da economia. Trata-se da economia do conhecimento e em rede”, afirmou o Economista Ladslau Dowbor. Ele participou a da roda de conversas sobre a economia da Cultura. A secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural, Ivana Bentes, enfatizou que a plataforma Rede Cultura Viva é um instrumento que agrega aqueles que não têm relação direta de financiamento com o Estado na construção de políticas públicas. “A Rede possibilita a criação de um amplo mapa de índices e dados que subsidiarão a disputa por um novo conceito de economia”. O Banco Comunitário União Sampaio, a Secretaria Nacional de Economia Solidária enviaram representantes para compor esta reflexão.