O Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural (SCDC), realizou nos últimos dias 11 e 12, um Circuito Cultura Viva em Salvador, Bahia. O evento é o projeto de circulação da secretaria que tem como principal intuito dialogar com Pontos de Cultura, produtores, artistas e demais agentes da cadeia da diversidade cultural.
Na segunda-feira (11), o primeiro encontro reuniu cerca de setenta representantes das Culturas Populares e Tradicionais. Debates importantes foram levantados, entre os quais as Olimpíadas, a valorização da capoeira e a economia viva dos pontos de cultura – tema que já se integra à construção da Teia, prevista para se realizar em novembro na Bahia.
Rita Santos, da Associação Nacional das Baianas de Acarajé (Abam), destacou a relação intrínseca que há entre cultura e economia. “Se resolvêssemos fazer greve, como ficaria a economia das feiras aqui de Salvador?”, questionou. “Os gestores precisam entender que a cultura traz emprego e renda tanto quanto outros setores econômicos”, disse.
Representantes da capoeira lembraram ainda que ela já foi reconhecida pela Unesco como Patrimônio Imaterial e está inserida em mais de 150 países além de ser apresentada em eventos internacionais como manifestação-referência de brasilidade. Uma das maiores preocupações é que a capoeira seja vista apenas como um esporte e não como uma tradição cultural e artística, como propõe o PLC 31/2009.
“Nosso trabalho está em diversas periferias em Salvador e Bahia. Além de capoeira ser o próprio ensino da língua portuguesa, da matemática, da história para crianças e adolescentes, ela salva suas vidas da criminalidade. Tenho alunos formados em diversos cursos em universidades das mais diversas. O Estado precisa reconhecer esse trabalho de forma devida e significativa, sem termos que passar uma cuia na mão”, afirmou Tonho Matéria, mestre de capoeira há vários anos, fundador da Associação Cultural de Capoeira Mangagá.
O diretor de Diversidade Cultural do MinC, Alexandre Santini, reconheceu a importância da pauta para a Teia e disse que o Ministério da Cultura é contrário ao projeto de lei que restringe a capoeira a uma prática esportiva, “por fundamentalizar a capoeira e excluir os valores artísticos e culturais que a mesma representa”. O debate sobre capoeira endossou a preocupação do público com a onda reacionária que se acentua na crise do país e chamou a atenção para o espaço que a cultura ocupa na democracia e na manutenção dos direitos sociais.
Mídia livre
Na terça-feira (12), um encontro para a discussão de políticas de valorização da comunicação independente foi realizado na sede do Instituto Mídia Étnica. Na ocasião, a secretária da Cidadania e da Diversidade Cultura do MinC, Ivana Bentes, dialogou com um público de midialivristas do Correio Nagô, Aldeia Nagô, A Ponte, Bahia Mídia Social, Canal da Cidadania, Rádio Amnésia, Coletivo Intervozes, Desabafo Social, dentre outros.
“O Ministério da Cultura enxerga a importância das mídias livres, principalmente como articuladora de campo. No momento político em que vivemos, as mídias alternativas ganham espaço e influenciam os mais diversos campos. Precisamos mapear e descobrir formas alternativas aos editais em valorizar o trabalho desses profissionais”, afirmou Ivana Bentes.
Flávio Gonçalves, do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia, colocou a instituição à disposição da TEIA e dos grupos midialivristas. Segundo ele, a apropriação da TV pública pela comunicação colaborativa é de extrema importância para que o público baiano se reconheça nesse meio.
O Circuito também teve importantes agendas com pontos de cultura, coletivos, gestores municipais e estaduais e com os parceiros institucionais da Teia – Fundação Pedro Calmon (FPC) e Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Praças do Pelourinho, Mercado Iaô e a Concha Acústica do Teatro Castro Alves (TCA) foram alguns dos espaços visitados, dessa vez, e cogitados para a realização da Teia.
Caio Max
Representação Regional – Bahia e Sergipe
Ministério da Cultura