Durante a posse do Conselho Gestor da Salvaguarda do Ofício de Baiana de Acarajé, que aconteceu em setembro deste ano em Salvador, dezenas de baianas tradicionais afirmaram o interesse em se autodeclarar Ponto de Cultura. A Secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural, Ivana Bentes, convocou as presentes “Esperamos que cada baiana do acarajé entre para a Rede Cultura Viva, vocês já são cultura há mais de 300 anos”.
No Brasil há mais de cinco mil baianas de acarajé, Com trajes típicos, exercem a função há séculos e passam de geração em geração a cultura prática tradicional ligada ao culto dos orixás. “A minha avó era, minha mãe também e agora meus filhos e minha neta de 6 anos são. A pequena já se auto intitula como Baiana de Acarajé, se veste como tal e nos ajuda”, explica Tânia Bárbara Nery, Baiana do Acarajé que tem um ponto no Farol da Barra, em Salvador (BA).
Com o lançamento da Rede Cultura Viva e a possibilidade de autodeclaração dos Pontos de Cultura, as baianas se interessaram em cadastrar na plataforma e usufruir das oportunidades que ela oferece. A possibilidade de se conectarem a outras experiências, grupos e redes também é um grande diferencial.
Com o lançamento da plataforma da Rede Cultura Viva 18 núcleos da ABAM já se manifestaram com intuito de cadastrar. De cinco estados diferentes, em breve serão reconhecidos com Ponto de Cultura.
Patrimônio Cultural
O ofício das baianas de acarajé, registrado como Patrimônio Imaterial Brasileiro pelo Iphan em 14 de junho de 2005, é a prática tradicional de produção e venda nos espaços públicos, em tabuleiro, das chamadas comidas de baiana, feitas com azeite de dendê e ligadas ao culto dos orixás, amplamente disseminadas, principalmente, na cidade de Salvador.
Dentre as comidas de baiana destaca-se o acarajé, bolinho de feijão fradinho preparado de maneira artesanal, em que o feijão é moído em um pilão de pedra (pedra de acarajé), temperado e posteriormente frito no azeite de dendê fervente. Para sua comercialização, são utilizados vatapá, caruru e camarão seco, como recheio, e no tabuleiro também são encontrados outros quitutes, tais como abará, passarinha (baço bovino frito), mingaus, lelê, bolinho de estudante, cocadas, pé de moleque e outros.
A feitura das comidas de baiana constitui uma prática cultural de longa continuidade histórica, reiterada no cotidiano dos ritos do candomblé e constituinte de forte fator de identidade na cidade de Salvador.
Plataforma Oyá Digital
Lançado em setembro deste ano, o instrumento promove a valorização, difusão e divulgação do Ofício da Baiana de Acarajé. A plataforma digital disponibiliza informações de mais de cinco mil baianas de acarajé do Brasil, além de permitir a localização, com ferramentas para obter dados como gênero, cor/raça, idade, afiliação religiosa, produtos produzido e o perfil sócio-econômico da baiana. Em breve o banco de dados do projeto será fundido ao da Rede Cultura Viva para facilitar a integração entre as redes.
Veja como foi a posse do Conselho Gestor da Salvaguarda das Baianas de Acarajé em Salvador: