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Ponto de Cultura Serra Cabocla

O Ponto de Cultura Serra Cabocla atua nos distritos rurais vizinhos de Dr. Elias em Trajano de Moraes/RJ e Barra Alegre em Bom Jardim/RJ. Temos construído práticas sustentáveis de produção de alimentos, moradias, arte e saúde, baseadas na cultura e nos conhecimentos ancestrais dos povos indígenas e afro descendentes da Região Serrana do Rio de Janeiro.

Site: https://www.facebook.com/bibliotecacomunitariamontecafe

Email: emancipatrajanodemoraes@gmail.com

Telefone Público: (22) 98117-5665

Endereço: Estrada Monte Cristo, 5, Monte Café, Dr. Elias, 28750-000, Trajano de Moraes, RJ

CEP: 28750-000

Logradouro: Estrada Monte Cristo

Número: 5

Complemento: Monte Café

Bairro: Dr. Elias

Município: Trajano de Moraes

Estado: RJ

Descrição

O Coletivo Serra Cabocla tem construído práticas sustentáveis de produção de alimentos, moradias, arte e saúde, baseadas na cultura e nos conhecimentos ancestrais dos povos indígenas e afro descendentes da Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro. Estamos pautados nas três dimensões de cultura que se complementam: cultura como expressão simbólica; a cultura como direito de cidadania; e a cultura como potencial para o desenvolvimento econômico. Assim, desenvolvemos ações de arte, cultura e cidadania despertando autonomia, cooperação, consciência ambiental e justiça social. Segue abaixo um resumo da nossa atuação.

Mediação de Leitura - Cinema, Literatura, Música:
Desde 2022, realizamos eventos na Praça e Quadra de Monte Café, envolvendo leitura e contação de histórias infantis, musicalização, teatro de bonecos, oficinas musicais e rodas de leitura. Organizamos sessões de Cinema na Quadra, em parceria com o Pólo Emancipa Serra RJ, da Rede Emancipa: Movimento Social de Educação Popular. Estamos construindo Bibliotecas Comunitárias, com núcleos na Fazenda Monte Cristo Agroflorestal, no vilarejo de Monte Café, Dr. Elias, distrito rural de Trajano de Moraes/RJ e na comunidade de Palmeirinha em Barra Alegre, distrito rural de Bom Jardim/RJ.

Acrobacia Aérea:
Durante o ano de 2022, organizamos atividades semanais de acrocabias aéreas e tecido acrobático para crianças e adolescentes na Quadra de Monte Café, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades como flexibilidade, resistência e sociabilidade.

Círculo de Mulheres e Rede de Mulheres Produtoras da Serra RJ:
Desde outubro de 2022, realizamos mensalmente encontros de mulheres para despertar o autocuidado por meio de saberes e fazeres ancestrais de usos das plantas medicinais, das danças femininas (dança do ventre, carimbó, ciranda etc) e da luta por direitos sociais, políticos, culturais, ambientais e econômicos. Nesse sentido, criamos também a Rede de Produtoras da Serra Fluminense, a fim de criar oportunidades para a promoção do empoderamento, da autonomia financeira e da autoestima das mulheres da região.

Capoeira angola:
Desde 2023, promovemos encontros semanais de capoeira angola, no Colégio Estadual Leopoldo Oscar Stutz (CELOS), em Barra Alegre, Bom Jardim/RJ, com o objetivo de promover atividade física, diálogo, movimento e ancestralidade afro centrada para crianças, adolescentes, jovens e adultos.

Memória Social - Patrimônio Imaterial:
Integrantes do Coletivo Serra Cabocla vêm desenvolvendo, desde 2016, a preservação do patrimônio imaterial da região Serrana do Rio de Janeiro a partir da produção de eventos, documentários, formações, participação em encontros com outros coletivos para trocas de experiências e construção coletiva de saberes populares ancestrais, conforme descrito a seguir:

* (596) Documentário " Onixêgum, Folhas que Curam " - YouTube: Documentário sobre erveir@s e benzedeiras do Carmo/RJ - VI Semana Fluminense do Patrimônio, 2016;

* Projeto Agricultura é Cultura: Formação de Formadores em Cultura Afro brasileira e Indígena e evento "Dia da Colheita" - Bom Jardim, 2017 - https://www.facebook.com/agriculturaecultura;

* (596) Documentário Foliando "A arte de cantar reis" - YouTube: Documentário sobre Folias de Reis no Carmo/RJ - Programa Territórios Culturais RJ / Favela Criativa, Secretaria de Estado de Cultura RJ, 2018;

* Visita à casa da erveira e rezadeira Dona Tiana, ex-catadora de café e moradora de comunidade afrodescendente na Fazenda São Lourenço, com integrantes a Rede Fitovida Serrana, 2022;

* Visibilização da história do Povo Puri, etnia indígena que viveu no território da Serra Fluminense - Bom Jardim, 2017 e 2022

* Feitura da Pomada Milagrosa com o Coletivo Grãos de Luz de Lumiar, 2023: Ana Maria Pereira, integrante do Coletivo Serra Cabocla, recebeu em sua casa e seu laboratório de produção de óleos essenciais e hidrolatos, o Coletivo Grãos de Luz de Lumiar para agregar a comunidade local, em especial as mulheres, na troca de saberes e fazeres sobre os usos ancestrais das plantas medicinais, mantendo viva a cultura de autocuidado e cuidado coletivo de nossas famílias através dos nossos quintais medicinais.

Breve história

O Ponto de Cultura Serra Cabocla faz parte da Rede Cultura Viva, realizando ações no território da Serra Fluminense, nos distritos rurais vizinhos de Barra Alegre (Bom Jardim/RJ) e Dr. Elias (Trajano de Moraes/RJ). Com experiências em outros lugares do Brasil, a partir de 2022 passamos a atuar conjuntamente nesse lugar cheio de montanhas com pedras enormes, ribeirões, resquícios de mata atlântica, agricultura e pecuária predominantemente convencionais, buscando referências e alternativas embasadas na Agroecologia e demais manifestações culturais centradas na perspectiva indígena e afro-brasileiras. Atuamos no sentido de registrar, valorizar e visibilizar as experiências, memórias e expressões culturais dos descendentes de indígenas e negros que viveram os períodos de ascensão e declínio da produção de café e, posteriormente, de granjas na região.
As relações sociais e étnico-raciais desiguais, frutos deste processo histórico, têm diversas consequências, tais como: alto índice de alcoolismo; sexualização precoce; casamento de adolescentes e jovens como forma de terem alguma autonomia em relação à família de origem, o que as expõem a situações de violência doméstica; superexploração do trabalho (grande parte das mulheres têm como única fonte de renda, além do Bolsa Família, o trabalho em sistema de facção, produzindo lacinhos para lingeries e recebendo entre R$ 7,00 e R$ 10,00/milheiro. Muitas dessas mulheres sofrem de bursite e outras doenças relacionadas à Lesão por Esforço Repetitivo - LER); escassez de acesso à formação (a escola de educação básica é a única referência de formação) e à cultura (não há equipamentos culturais nos distritos rurais onde atuamos). A indústria cultural impregna as festas e demais experiências de sociabilidade com referências que reforçam o machismo, a exclusão e deslegitimação das culturas não-hegemônicas. As experiências esportivas restringem-se ao futebol. Os serviços de saúde são precários, contando apenas com poucos agentes comunitários e com um único médico clínico geral. A oferta de transporte público é mínima, restringindo o acesso de adolescentes, jovens e adultos a equipamentos de cultura, formação, esportes e serviços especializados de saúde.
A indústria alimentícia e a ideologia da Revolução Verde tem contribuído para o envenenamento da terra, do ar, da água e dos corpos das pessoas. A maioria das famílias deixou de usar temperos e alimentos naturais e consome grande quantidade de produtos alimentícios industrializados e ultraprocessados, aumentando a incidência de doenças como diabetes e hipertensão arterial.
Nesse contexto, incidimos no sentido de ofertar práticas de atividade física para crianças, adolescentes e jovens, através da Capoeira Angola e das Acrobacias aéreas, valorizando as culturas afro-brasileira e circense.
Além disso, buscamos fortalecer as experiências de autocuidado e cuidado coletivo que se baseiam na manutenção de práticas ancestrais de prevenção e tratamento de doenças, incentivando a retomada do cultivo de temperos e plantas medicinais para uso culinário e em remédios caseiros. Registramos as experiências e memórias de erveir@s, raizeir@s, parteiras, produzindo material audiovisual que possa ser utilizado para dar a eles visibilidade e reconhecimento.
Promovemos oficinas de culinária sazonal que resgata práticas ancestrais, desde o plantio até o beneficiamento e comercialização de alimentos de qualidade. Essa ação está sendo atrelada à recém criada Rede de Mulheres Produtoras da Serra RJ, a fim de gerar renda, que possibilite às mulheres ter autonomia financeira em relação aos seus companheiros.
Os Círculos de Mulheres são também espaços de trocas, autocuidado e fortalecimento emocional entre mulheres, que contribui para que tenham suporte e ferramentas para romper com os ciclos de violências. Além de estimularem práticas de movimento e consciência corporal através de danças como o carimbó, ciranda e dança do ventre.
As oficinas e formações embasadas nas culturas indígenas (ainda há na região remanescentes do povo Puri que se autodeclaram como tal) e afro-brasileiras contribuem para a recuperação e preservação das memórias ancestrais e do repertório cultural das populações que sobrevivem em meio à população e cultura predominante dos descendentes dos colonos europeus. Assim, buscamos contribuir para promover reflexões que desvelam o racismo estrutural e as opressões decorrentes de relações étnico-raciais e sociais desiguais.
Essas ações também partem da consciência de urgência ambiental em que o único caminho é a preservação da memória, do território, das práticas culturais e de uma cultura alimentar que gere vida, potência e sustentabilidade, pelo tripé social, econômico e ambiental.