Site: https://www.facebook.com/bibliotecacomunitariamontecafe
E-mail: emancipatrajanodemoraes@gmail.com
Telefone Público: (22) 98117-5665
Endereço: Estrada Monte Cristo, 5, Monte Café, Dr. Elias, 28750-000, Trajano de Moraes, RJ
CEP: 28750-000
Logradouro: Estrada Monte Cristo
Número: 5
Complemento: Monte Café
Bairro: Dr. Elias
Município: Trajano de Moraes
Estado: RJ
Descrição
Histórico de atuação do Ponto de Cultura Serra Cabocla (desde 2016)O Coletivo Serra Cabocla tem construído práticas sustentáveis de produção de alimentos, moradias, arte e saúde, baseadas na cultura e nos conhecimentos ancestrais das populações rurais, indígenas e afro-descendentes da Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro. Estamos pautados nas três dimensões de cultura que se complementam: a cultura como expressão simbólica; a cultura como direito de cidadania; e a cultura como potencial para o desenvolvimento econômico.
No pulsar da terra, a conexão ancestral busca ser ressignificação da vida. Temos visto um retorno de pessoas para áreas rurais, porém a cultura da roça está se perdendo. Acreditamos que, por meio da arte e das diversas manifestações da cultura, podemos cultivar solo fértil nas montanhas.
Em nosso território, as escolas públicas (estadual e municipais) têm sido parceiras no acolhimento de nossas ações. Percebemos que nosso movimento é necessário à Terra, como contrapartida de todo afeto e alimento que a mesma oferece. Aqui, em contato com a Terra, sentimos a abundância que ela nos dá e nos comprometemos com a grande virada: por uma humanidade forte, circular, com princípios de sustentabilidade e pelo bem viver. Descentralizar o acesso aos bens culturais, valorizar os guardiões, estimular construção de narrativas…memória viva, pulsante, ativa.
Nessa caminhada, propomos ações biográficas e pesquisas coletivas de registro, reconhecimento e valorização da história e memória social. A Folia está aqui, o jongo também… os festejos foram se perdendo, mas ainda é possível sentir. A geração que hoje possui 60 anos, conta de uma juventude dançada, brincada. Buscamos essa re-conexão através das atividades que realizamos ao longo da nossa trajetória.
Memória Social - Patrimônio Imaterial:
Integrantes do Coletivo Serra Cabocla vêm desenvolvendo, desde 2016, a preservação do patrimônio imaterial da região Serrana do Rio de Janeiro a partir da produção de eventos, documentários, formações, participação em encontros com outros coletivos para trocas de experiências e construção coletiva de saberes populares ancestrais, conforme descrito a seguir:
* Documentário “Onixêgum: folhas que curam” com registro, visibilização e reconhecimento das experiências, memórias e histórias de erveir@s, raizeir@s e benzedeiras do Carmo/RJ - VI Semana Fluminense do Patrimônio, 2016.
* Projeto “Agricultura é Cultura”: Formação de Formadores em Cultura Afro brasileira e Indígena e evento "Dia da Colheita" - Bom Jardim, 2017. No projeto, as oficinas e formações embasadas nas culturas indígenas (ainda há na região remanescentes do povo Puri, que assim se autodeclaram) e afro-brasileiras contribuíram para a recuperação e preservação das memórias ancestrais e do repertório cultural das populações que sobrevivem em meio à população e cultura predominante dos descendentes dos colonos europeus. Assim, buscamos contribuir para promover reflexões que desvelam o racismo estrutural e as opressões decorrentes de relações étnico-raciais e sociais desiguais. Essas ações também partem da consciência de urgência ambiental em que o único caminho é a preservação da memória, do território, das práticas culturais e de uma cultura alimentar que gere vida, potência e sustentabilidade, pelo tripé social, econômico e ambiental.
* Documentário “Foliando: a arte de cantar reis” sobre Folias de Reis no Carmo/RJ - Programa Territórios Culturais RJ / Favela Criativa, Secretaria de Estado de Cultura RJ, 2018.
* Visita à casa da erveira e rezadeira Dona Tiana, ex-catadora de café e moradora de comunidade afrodescendente na Fazenda São Lourenço, com integrantes a Rede Fitovida Serrana, 2022.
* Feitura da Pomada Milagrosa com o Coletivo Grãos de Luz de Lumiar, 2023: Ana Maria Pereira, integrante do Coletivo Serra Cabocla, recebeu em sua casa e seu laboratório de produção de óleos essenciais e hidrolatos, o Coletivo Grãos de Luz de Lumiar para agregar a comunidade local, em especial as mulheres, na troca de saberes e fazeres sobre os usos ancestrais das plantas medicinais, mantendo viva a cultura de autocuidado e cuidado coletivo de nossas famílias através dos nossos quintais medicinais, para prevenção e tratamento de doenças, incentivando a retomada do cultivo de temperos e plantas medicinais para uso culinário e em remédios caseiros.
Mediação de Leitura - Cinema, Literatura, Música:
Desde 2022, realizamos eventos na Praça e Quadra de Monte Café, envolvendo leitura e contação de histórias infantis, musicalização, teatro de bonecos, oficinas musicais e rodas de leitura. Organizamos sessões de Cinema na Quadra, em parceria com o Pólo Emancipa Serra RJ, da Rede Emancipa: Movimento Social de Educação Popular. Estamos construindo Bibliotecas Comunitárias, com núcleos na Fazenda Monte Cristo Agroflorestal, no vilarejo de Monte Café, Dr. Elias, distrito rural de Trajano de Moraes/RJ e na comunidade de Palmeirinha em Barra Alegre, distrito rural de Bom Jardim/RJ.
Acrobacia Aérea:
Durante o ano de 2022, organizamos atividades semanais de acrocabias aéreas e tecido acrobático para crianças e adolescentes na Quadra de Monte Café, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades como flexibilidade, resistência, sociabilidade e valorização da cultura circense.
Círculo de Mulheres e Rede de Mulheres Produtoras da Serra RJ:
Desde outubro de 2022, realizamos mensalmente encontros de mulheres para despertar espaços de trocas, autocuidado e fortalecimento emocional entre mulheres, que contribuem para que tenham suporte e ferramentas para romper com os ciclos de violências. Além de estimularem práticas de movimento e consciência corporal através de danças como o carimbó, ciranda e dança do ventre.
Rede de Mulheres Produtoras da Serra RJ:
Desde maio de 2023, realizamos encontros para trocas e comercialização de produtos, serviços e saberes a fim de promover o empoderamento, a autonomia financeira e a autoestima das mulheres da região. Promovemos oficinas de culinária sazonal que resgata práticas ancestrais, desde o plantio até o beneficiamento e comercialização de alimentos de qualidade para gerar renda que possibilite às mulheres ter autonomia financeira em relação aos seus companheiros.
Capoeira Angola:
Desde 2023, promovemos encontros semanais de capoeira angola, no Colégio Estadual Leopoldo Oscar Stutz (CELOS), em Barra Alegre, Bom Jardim/RJ, com o objetivo de promover atividade física, diálogo, movimento e ancestralidade afrocentrada para crianças, adolescentes, jovens e adultos.
Breve história e contexto sócio-cultural
O Ponto de Cultura Serra Cabocla faz parte da Rede Cultura Viva, realizando ações no território da Serra Fluminense, nos distritos rurais vizinhos de Barra Alegre (Bom Jardim/RJ) e Dr. Elias (Trajano de Moraes/RJ). Com experiências em outros lugares do Brasil, a partir de 2016 passamos a atuar nesse lugar cheio de montanhas com pedras enormes, ribeirões, resquícios de mata atlântica, agricultura e pecuária predominantemente convencionais, buscando referências e alternativas embasadas na Agroecologia e demais manifestações culturais centradas na perspectiva rural, indígena e afro-brasileira.
Atuamos no sentido de registrar, valorizar e visibilizar as experiências, memórias e expressões culturais das ruralidades e dos descendentes de indígenas e negros, que passaram por um forte processo de discriminação e apagamento, e viveram os períodos de ascensão e declínio da produção de café e, posteriormente, de granjas na região.
As relações sociais e étnico-raciais desiguais, frutos deste processo histórico, têm diversas consequências, tais como: escassez de acesso à formação (a escola de educação básica é a única referência de formação) e à cultura (não há equipamentos culturais nos distritos rurais onde atuamos); alto índice de alcoolismo; sexualização precoce; casamento de adolescentes e jovens como forma de terem alguma autonomia em relação à família de origem, o que as expõem a situações de violência doméstica; superexploração do trabalho. Neste sentido, vale destacar que grande parte das mulheres têm como única fonte de renda, além do Bolsa Família, o trabalho em sistema de facção, produzindo lacinhos para lingeries e recebendo entre R$ 7,00 e R$ 10,00/milheiro. Muitas dessas mulheres sofrem de bursite e outras doenças relacionadas à Lesão por Esforço Repetitivo - LER.
A indústria cultural impregna as festas e demais experiências de sociabilidade com referências que reforçam o machismo, a exclusão e deslegitimação das culturas não-hegemônicas. As experiências esportivas restringem-se ao futebol. Os serviços de saúde são precários, contando apenas com poucos agentes comunitários e com um único médico clínico geral. A oferta de transporte público é mínima, restringindo o acesso de adolescentes, jovens e adultos a equipamentos de cultura, formação, esportes e serviços especializados de saúde.
As indústrias alimentícia e farmacêutica, associadas à ideologia da Revolução Verde, têm contribuído para o envenenamento da terra, do ar, da água e dos nossos corpos. A maioria das famílias deixou de usar temperos e alimentos naturais e consome grande quantidade de produtos alimentícios industrializados e ultraprocessados, aumentando a incidência de doenças como diabetes e hipertensão arterial. Nos nossos quintais é muito comum, ao manejarmos a terra para fazer canteiros, encontrarmos resíduos de todo tipo, desde sapatos e colchões até embalagens de tempero artificial, suco em pó e medicamentos, o que confirma o alto índice das doenças citadas e demonstra o quanto a alimentação industrializada, cheia de aditivos químicos, gera doenças e poluição do ambiente.
Nesse contexto, desenvolvemos ações de museologia social, arte e cultura, despertando cidadania, autonomia, cooperação, consciência ambiental, justiça social, conforme descrito anteriormente.
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